Cair de pé!


imagem www.record.pt

F.C. Porto 1 (McCarthy, 115 min) - Sporting 1 (Liedson, 109 min) (5-4 g.p.)

O Sporting foi hoje afastado da Taça de Portugal, tendo sido eliminado pelo F.C. Porto que, após o 1-1 registado ao fim de 120 minutos, foi mais feliz na marcação das grandes penalidades, marcando 5, enquanto os Leões só o fizeram por 4 veszes.

Como o título da crónica refere, caímos de pé! E depois? Sinceramente, estou farto de cair de pé! Estou farto de não ter sorte! Andei 18 anos para festejar aquela cabeçada de Miguel Garcia em Alkmaar e parece-me que vou andar mais 18 a pagar por isso. Quero deixar de ter azar e, a perder, que seja por uns valentes 3 ou 4 a zero; que seja com uma equipa realmente superior; que seja com uma equipa que dê gosto ver jogar. Algo que o Futebol Clube do Porto, não obstante de mérito na vitória, não foi!

Todavia, apesar do mérito que já reconheci, não foi só Vitor Baía que se superiorizou por entre os demais. Olegário, nome de código: Benquerença. O senhor que, pelos vistos, gosta de fazer festinhas ao Dragão, assumiu um papel fundamental no desafio que findou não há muito tempo. Algo que poderão comprovar na análise individual aqui feita ao mesmo, em qualquer jornal desportivo (menos n'O Jogo, provavelmente) ou em qualquer resumo televisivo.

O Sporting entrou no Dragão para vencer. Paulo Bento escolheu para jogar de início, o guarda redes Ricardo, seguido da defesa habitual (Caneira, Polga e Tonel), onde só Miguel Garcia foi surpresa. No meio campo, Custódio mais recuado, seguido de Moutinho, Martins e Sá Pinto. A dupla brasileira Deivid e Liedson estava encarregue de fazer golos.

Como se previa, o Porto entrou mais forte. Mas essa superioridade, em termos concretos, mal se via. Quaresma, sobre a esquerda do ataque portista, com algumas fintas "para adepto ver" era o único a criar perigo. Aos 25 minutos, o cenário alterou-se. Na marcação de um livre directo, Carlos Martins obrigou Baía à primeira boa intervenção da noite. A partir daí, o Sporting re-equilibrou o jogo a meio campo, com Custódio e, principalmente, João Moutinho, a assumirem as rédeas do desafio. Era um Sporting personalizado e consistente aquele que pisava o Dragão. Deivid ainda podia ter aproveitado um deslize de Pepe mas não foi capaz de bater Baía. Quem também não estava interessado em que se batesse o 99 portista, era o leiriense Olegário. Só assim se explica que tenha roubado ao Sporting um pénalti do tamanho do processo "Apito Dourado", um pénalti que todos viram no estádio. Todos, sim. Porque Olegário viu! Mas não assinalou... Até ao intervalo, destaque para um bela jogada de ataque portista, com McCarthy, em posição claramente irregular, a rematar para uma grande defesa do vice campeão europeu, Ricardo e para um bom golpe com o cotovelo de Cech em Moutinho. Escusado será dizer que Olegário sorriu...e a banda prosseguiu.



Começa a 2ª parte, e os Super Dragões, talvez por não se terem feito ouvir durante toda a primeira parte, decidem dar um ar da sua graça, atingindo Ricardo com uma tocha.Felizmente, o número 76 leonino não sofreu danos. E passados 4 minutos do descanso, foi Caneira quem permitiu a Baía mais uma bela defesa, negando um golo que, ao acontecer, não escandalizaria quem quer que fosse. A partir daí, o Sporting começou a perder o meio campo. Carlos Martins já não se via, Sá Pinto estava pouco lúcido e Custódio facilitava na marcação. Antes da entrada de Nani, para o lugar do nosso número 5, real ocasião de golo para os azuis, com Adriano, na sequência de um pontapé de canto, a colocar à prova Ricardo. O jogo estava mais aberto, com o Porto a controlar no meio campo leonino devido a uma momentânea subida de rendimento de Lucho, e Pepe, primeiro, e Adriano, num remate ao poste, poderiam ter colocado o F.C.P. em vantagem. Não o fizeram e quase que Liedson aproveitava uma das poucas falhas de Baía para o fazer. O jogo estava aberto, as duas equipas jogavam ao ataque e o golo podia surgir em qualquer das balizas. Como isso não aconteceu, fomos para prolongamento.



No início do tempo extra, Paulo Bento (que já havia feito entrar Abel para o lugar de Miguel Garcia), trocou Sá Pinto por Tello e o meio campo leonino voltou a superiorizar-se ao dos dragões. O Sporting dominou por completo estes primeiros 15 minutos, mas o seu lance mais perigoso não passou de uma tentativa gorada de Nani num contra ataque que se adivinhava traiçoeiro para os azuis.

Na 2ª metade do prolongamento vieram os golos. Tello ameaçou com um bom remate de fora da área, mas Liedson atirou mesmo a contar, numa boa jogada de insistência de Nani. Estávamos em vantagem quando faltavam apenas 10 minutos para o fim. Talvez por isso, Olegário resolvou entrar novamente em jogo. Num lance em que Raúl Meireles, quem sabe, inspirado pelo seu penteado a fazer lembrar um camelo, decide cuspir em Deivid, e após uma cena de "faca e alguidar" entre muitos dos jogadores presentes em campo, o senhor Benquerença resolveu expulsar Caneira. Por vários motivos! Primeiro, porque o Sporting ficaria a jogar em inferioridade numérica. Segundo, porque Caneira não estava a dar espaços ao único jogador do Porto com capacidade para desiquilibrar, Quaresma. Terceiro, porque o Sporting não podia ganhar no Dragão! A expulsão revelar-se-ía cirúrgica, na medida em que, passados 60 segundos, livre de marcação, Quaresma coloca a bola na cabeça de McCarthy. Estava reposta a igualdade. Adivinhavam-se grandes penalidades, não sem antes Olegário fazer algo que esteve a 2ª parte toda a evitar: expulsar Bosingwa.

Como se sabe, chegando aos pénaltis, pouco mais há a dizer. Moutinho, o melhor jogador em campo, permitiu a (grande) defesa a Baía. A partir daí, ninguém mais falhou. Do lado azul, Lucho, Benni, Ricardo Costa, Paulo Assunção (grande exibição!) e Lisandro. Do lado verde e branco, Custódio, Deivid, Tello e Ricardo. Mas o "puto" já tinha falhado... e o Sporting acabou eliminado!

Leão a Leão

Ricardo (4) - Sempre tranquilo, realizou uma grande defesa a remate de McCarthy. Num ambiente adverso, soube sempre manter o nível (coisa que Baía, na marcação das penalidades, não fez). Nada a fazer no lance do golo azul e branco.
Miguel Garcia (4) - Uma agradável surpresa. Saiu tocado, numa altura em que estava a ser dos melhores, não dando espaço a Quaresma.
Caneira (3) - Acabou traído por... Olegário. Num jogo em que esteve um furos abaixo do nível a que já nos habituou (muitas bolas rematadas para fora), acabou expulso.
Polga (4) - Partilha com Tonel algumas culpas no lance do golo do Porto, onde deixou o sul africano saltar mais alto que todos. De resto, exibição imaculada.
Tonel (3) - Anormalmente intranquilo, cumpriu, sem o brilhantismo de outras noites.
Custódio (3) - Se esteve muito bem a destruir jogo portista e a "secar", durante muito tempo, Lucho, no capítulo do passe, deixou a desejar.
João Moutinho (5) - Genial. Estamos perante um jogador genial. É ele a máquina que faz andar esta equipa. Está em todo o lado, é de uma disponibilidade fantástica, ataca, defende... Não merecia falhar aquele pénalti (mas Baía é outro génio), logo o que nos deixou fora da Taça. Algo que não apaga o feito de ter sido o melhor jogador do Sporting.
Carlos Martins (2) - Desiludiu. Quem esperava, como eu, que o seu pontapé canhão pudesse fazer mossa ou que a sua visão de jogo desiquilibrasse, não pode estar satisfeito com a exibição do nosso número 5.
Sá Pinto (3) - Após uma primeira parte frouxa, veio como novo depois do descanso. Recuperou muitas bolas, iniciou muitos lances de contra ataque. Pena os 45 minutos desperdiçados.
Deivid (3) - Começa a dar-se bem com Liedson. Voluntarioso, foi preponderante na manobra ofensiva leonina, isto apesar de não ganhar uma única bola de cabeça, seja a quem for.
Liedson (4) - De volta aos golos, numa noite inglória em que correu bastante, como é hábito. É dos que menos merece ficar de fora da final do Jamor.
Nani (3) - Entrou para o lugar de Carlos Martins e deu maior vivacidade ao meio campo leonino. Sublime na assistência para golo.
Abel (3) - Atacou mais do que Garcia, mas a defender não esteve tão bem. Apesar de tudo, não comprometeu.
Tello (3) - Entrou, e bem, para o meio campo, dando uma maior profundidade ao mesmo. Marcado pelo lance que dá origem ao golo do empate.

Paulo Bento - A lição estava bem estudada. Dentro do nosso esquema de jogo, adaptou-se bem ao do Futebol Clube do Porto e por 6 minutos não vai ao Jamor. Podemos estar a assistir ao nascimento de um grande treinador de futebol. Nota 4.

O árbitro
Olegário Benquerença - Creio que já foi quase tudo dito. Tirando um pénalti claro não assinalado, um vermelho por mostrar a Cech, uma expulsão que só ele percebe a Caneira, foras de jogo, no mínimo, originais e o retardar da expulsão de Bosingwa... até nem fez um mau trabalho. Nota 0.

Concluindo: O Sporting está fora da Taça de Portugal. Parabéns ao Futebol Clube do Porto. Não questiono a vitória do Porto, que se pode considerar justa (como seria se fosse o Sporting a ganhar o jogo) pois os dragões também tiveram oportunidades para marcar. Injusto é termos ficado de fora e, para que tal acontecesse, termos sido empurrados por alguém sem categoria para apitar este desafio.

O Sporting perdeu um jogo mas, cada vez mais, está a construir uma equipa. Com Paulo Bento a comandar, com os miúdos lá dentro, com craques como Liedson a trabalhar pela equipa, só espero que a instabilidade directiva não seja mais um (e parece que vão ser muitos...) factor com hípóteses de nos roubar o Campeonato.

De parabéns estão também os adeptos do Sporting, presentes hoje no Dragão. Tive a felicidade de lá estar, cantar e presenciar o apoio de milhares de LEÕES que dão TUDO pela sua equipa. Foi mais uma derrota, pois foi. Mas não há nenhum Sportinguista que seja do Sporting por querer ganhar a qualquer preço. Depois de tantas desilusões, é preciso amor para continuar a acompanhar esta "equipa belíssima", numa qualquer "curva fantástica".

Só assim se explica o motivo pelo qual voltei a chorar hoje por ti, Sporting!

Segue-se o Penafiel. Tudo em Alvalade, Domingo às 20h30!!!

Sem comentários:

Enviar um comentário